segunda-feira, 16 de maio de 2011

MUSEU PESSOAL

Pensei muito, na forma como deveria proceder para criar meu museu imaginário, e após muita leitura e pesquisa, acredito ter chegado a um consenso.                                                                                    Vasculhando nas minhas memórias, encontrei o que acredito ser o que deva constar em primeiro lugar no meu museu, ou seja, a minha primeira experiência estética.                       
          Fui alfabetizada pelo Método da Abelhinha, e devo a isso a minha desenvoltura ao lidar com as palavras, pois a história era envolvente, voltada para prender a atenção da criança e recordo claramente da ansiedade que sentia para voltar à escola no dia seguinte e ver a professora dar continuidade a história e minha imaginação vida aos personagens e ouvir todos aqueles sons que eles produziam se materializarem em palavras. Em pouquíssimo tempo eu já estava lendo e escrevendo. E ainda tive o privilégio de estudar em uma escola de zona rural, situada em meio a uma natureza privilegiada, a brincadeira no recreio era no campo, que mais parecia um lençol verde, enfeitado de flores amarelas e o perfume que exalavam era extasiante.


Anos mais tarde, já vivendo na cidade, continuei tendo minhas experiências estéticas. Na escola estadual em que fui matriculada havia uma Banda, e eu adorei fazer parte, todos aqueles instrumentos me encantavam, então minha irmã percebendo meu interesse, me convidou para entrar para a Banda Marcial Ielense, da Escola Anglicana Instituto Livramento, da qual ela fazia parte, e foi gratificante aprender a tocar vários instrumentos e fazer todas aquelas evoluções, durante os ensaios e apresentações.


Aos treze anos li O Diário de Anne Frank, documentário sobre a segunda guerra mundial, que marcou minha vida, pela tomada de consciência a respeito do mundo, que não se resumia a minha casa, minha cidade, meu país. E com essa leitura pela primeira vez, tive um contato mais direto com a política, com a violência e com a insanidade dos homens.    

  
    Ainda na adolescência tive o prazer de ouvir música de qualidade. Com letras marcantes e polemicas, e muitas delas afetaram de alguma forma a minha vida, porque embalaram algum romance que tive, ou porque falavam muita coisa que tínhamos vontade de gritar para o mundo, revelando toda nossa rebeldia.





Apesar de querer mostrar ao mundo que nada me abalava nada mais devastador que uma paixão adolescente, e com isso a incessante vontade de mostrar habilidades, talento, e quem melhor pra despertar isso na gente que Vinicius de Moraes, com seu magnifico Soneto de Fidelidade e o Soneto 11 de Luiz Vaz de Camões, este último adaptado por Legião Urbana, que associou o texto bíblico 1 Coríntias 13 e resultou na maravilhosa canção Monte Castelo, que embalou meus sonhos e minhas noites sem dormir, tentando encontrar nesses poetas a inspiração para escrever algo tão lindo e perfeito que conquistasse o meu amor eterno enquanto durasse.
               E assim, quando mais tarde me procure
             Quem sabe a morte, angústia de quem vive
             Quem sabe a solidão, fim de quem ama

             Eu possa me dizer do amor (que tive):
             Que não seja imortal, posto que é chama
             Mas que seja infinito enquanto dure.

                                         Vinicius de Moraes

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer...

                                      Monte Castelo (adaptação do poema de Camões e de texto bíblico).



         Viajar e conhecer outras culturas, com certeza nos proporcionam inúmeras experiências estéticas, ver o mar pela primeira vez e contempla-lo na sua infinita beleza e experimentar as sensações inexplicáveis que senti ao me deparar com tamanha maravilha, que só podia mesmo ser obra do criador pela sua magnitude.





            Embora muito se possa guardar na memória, tenho certeza que todas as mulheres que tiveram o privilégio de serem mães hão de concordar comigo que nada se compara a essa experiência estética, sensação inigualável, toda a perfeição do criador se resume ao ato de Dar a Luz.




 Anos atrás assisti ao filme "A Vida é Bela", direção de Roberto Benigni e creio que apesar dos muitos filmes que assisti nenhum marcou tanto quanto este, justamente por mostrar os dois lados da moeda, o amor incondicional de um pai e o ódio mortal de um homem liderando seu país. Assisti só uma vez, costumo assistir mais de uma os filmes que gosto, mas confesso não tive coragem de assistir novamente.

 E apartir desse momento todos os dias da minha vida recebo obras primas que ficarão pra sempre guardadas no museu imaginário das minhas memórias.

 

Obs: as imagens usadas são meramente ilustrativas, tomei emprestadas do google imagens, com exceção da ecografia.
 
 

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